Enquanto milhões de brasileiros enfrentam filas intermináveis e burocracia para resolver problemas no INSS, uma multidão encontrou tempo e disposição para lotar as ruas nesta terça-feira (3), prestando homenagens ao traficante Fhillip da Silva Gregório, o “Professor”.
Seu cortejo fúnebre foi digno de celebridade: motociclistas escoltando o caixão durante o percurso até o Cemitério de Inhaúma, fogos de artifício iluminando o céu e postagens emocionadas inundando as redes sociais. Quem diria que a indignação nacional tem alvo seletivo?
Apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, “Professor” teve seu último adeus amplamente organizado nas redes, com direito a cronograma e locais de encontro, algo que muitos escândalos políticos jamais conseguiram mobilizar.
Nas comunidades do CV teve até “salva de tiros” organizada pelos colegas traficantes.
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A Polícia Civil ainda investiga a hipótese de suicídio, mas isso parece ser apenas um detalhe secundário frente ao espetáculo montado para sua despedida.
O evento escancara um fenômeno curioso: a população que deveria exigir investigações sobre corrupção e serviços públicos falhos prefere dedicar sua energia a funerais de criminosos.
O país vive um reflexo preocupante dessa inversão de valores, onde figuras do crime organizado recebem mais reconhecimento do que os reais problemas que afetam milhões.
Afinal, por que cobrar transparência do governo quando se pode organizar um evento digno de Hollywood para um traficante?
Enquanto os laudos periciais não chegam, o Brasil segue sua rotina. A apatia diante de escândalos políticos persiste, enquanto enterros continuam sendo eventos sociais dignos de tendências na internet.
Mas quem precisa de justiça e ética quando se tem fogos de artifício e um cortejo emocionante, não é mesmo? Viva o pão e circo!