Dez anos do roubo das vigas da Perimetral

Jefferson Lemos

“Senhor prefeito, não é intriga. Aonde foi que enfiaram aquela viga? O refrão da composição Cadê a Viga?, vencedora do 9º Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso durante o carnaval de 2014 ainda continua atual, dez anos depois. Naquele ano, o então prefeito Eduardo Paes resolveu implodir o Elevado da Perimetral e cinco vigas e parte de uma sexta estrutura de aço foram furtadas. O material levado foi orçado em laudo, na época, em R$ 60 mil, e até hoje o crime continua impune. 

Mesmo pesando mais de 100 toneladas, as vigas desapareceram em meio às obras do Porto Maravilha. A incapacidade de se achar os culpados pelo sumiço do patrimônio público fez o caso virar motivo de piada, a ponto culparem Magneto, o grande vilão da Marvel, pelo crime. Mas atté hoje fica a pergunta: como cinco vigas de 40 metros de comprimento por 6 de largura e uma outra de 25 metros de comprimento por 6 de espessura foram levadas sem que ninguém percebesse?

O crime parece nunca ter sido levado a sério, nem mesmo pelo prefeito Eduardo Paes. A empresa que demoliu o viaduto indenizou a prefeitura e os responsáveis pelo furto nunca foram identificados. O inquérito da Polícia Civil e do Ministério Público que investigou o caso acabou sendo arquivado  em junho de 2019.

Cinco anos depois, em junho deste ano, o prefeito gravou um vídeo  ironizando o caso: mais uma chacota. Disse que sempre que falava das obras do  Porto  Maravilha um gaiato perguntava onde enfiaram  as  vigas. Paes, então, contou que achou uma delas nos jardins da Gávea Pequena, residência oficial dos prefeitos cariocas. Mas na verdade, fez uma brincadeira, pois tratava-se da primeira viga retirada do elevado e não uma das que foram  furtadas.

O prefeito contou que na época da demolição mandou instalar a viga no jardim da casa oficial “para lembrar a todos os prefeitos do Rio de Janeiro que eles jamais, em tempo algum, devem colocar um viaduto entre essa linda cidade e a sua razão de existir que é a Baía de Guanabara, que é o mar”. 

No fim, as vigas furtadas continuam desaparecidas e os criminosos livres, leves e soltos. E a lembrança que fica no jardim da residência oficial é outra: a certeza da impunidade.

Relembre a seguir a música Cadê a Viga?:

Cadê a Viga?

Senhor prefeito

Não é intriga

Aonde foi

Que enfiaram aquela viga?

Senhor prefeito

Então me diga:

Aonde foi

Que enfiaram aquela viga?

Aquela viga

É grossa pra chuchu!

Vai ver até

Que esconderam no Caju

Aquela viga

Ninguém sabe, ninguém viu

Mandaram a viga

Lá pra ponte que partiu!

  • Imagem: Divulgação/Prefeitura do Rio
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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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