Segurança armada? Paes não fiscaliza nem golpe de camarão a R$ 400 na orla

Jefferson Lemos
A prática não é novidade. A orla, cartão-postal da cidade, virou território livre para golpes. A PM prendeu um suspeito (Divulgação/PMERJ)

Um casal de turistas chilenos pagou R$ 400 por uma porção de camarão na orla carioca — mais um golpe aplicado por ambulantes que agem impunemente. A prisão de um suspeito, feita pela Polícia Militar nesta quarta-feira (10), escancarou a fragilidade da fiscalização municipal. Enquanto isso, o prefeito Eduardo Paes aposta na criação de uma força armada para combater a criminalidade — promessa que contrasta com a incapacidade da prefeitura de coibir abusos básicos no coração turístico da cidade.

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A prática não é novidade. A orla, cartão-postal da cidade, virou território livre para golpes — enquanto a prefeitura parece assistir de camarote. Casos semelhantes se acumulam:

– Milho a R$ 300
– Água a R$ 22 mil
– Biscoito Globo por R$ 3 mil
– Caipirinha a R$ 3 mil em Copacabana
– Duas espigas de milho por R$ 1 mil, cobradas de um casal da República Dominicana

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Para oposição, preocupação com segurança é oportunismo eleitoral

A promessa de Paes de investir em segurança pública, incluindo a criação de uma força armada municipal, surge às vésperas das eleições de 2026, quando o prefeito é cotado como possível candidato de Lula ao governo do estado. A oposição não perdoou: acusa o gestor de oportunismo político e de tentar capitalizar sobre uma das maiores angústias da população — a insegurança urbana — após anos de omissão.

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Segurança à custa da luz

Mais controversa ainda é a forma como Paes pretende financiar sua nova força de segurança. Um projeto aprovado pela Câmara Municipal nesta semana prevê o aumento da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip), embutida na conta de luz dos cariocas. Segundo estudo do vereador Pedro Duarte (Novo), o reajuste pode variar de 40,3% para imóveis residenciais até 1.270% para grandes consumidores. Para uma família de classe média, o valor pode saltar de R$ 13,86 para R$ 24,15 mensais.

Enquanto o prefeito promete câmeras, armas e patrulhas, a realidade na orla continua a mesma: turistas enganados, ambulantes impunes e uma cidade que, apesar das promessas, segue vulnerável. Segurança pública não se constrói com discursos — e muito menos com reajustes na conta de luz. Enquanto Paes arma promessas, a cidade segue desarmada contra o cotidiano da impunidade.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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