Um grupo de turistas estrangeiros, enquanto aguardava o elevador em um prédio residencial na Zona Sul do Rio, decidiu transformar a espera em um espetáculo barulhento.
Latidos e uivos ecoaram pelos corredores do edifício, após eles chutarem a porta de um apartamento e instigarem o cachorro do outro lado da porta, que respondeu com latidos.
O tumulto gerado foi suficiente para incomodar diversos moradores, que inicialmente culparam o cão pela algazarra, o que poderia até causar a sua expulsão do condomínio.
O pobre animal só escapou de levar a culpa porque câmeras de segurança do edifício revelaram a verdade: os turistas é que haviam iniciado a provocação.
Casos como esse não são raros em prédios onde apartamentos são alugados por meio de plataformas como Airbnb e Booking.com.
Veja o vídeo:
A rotatividade de hóspedes, muitas vezes sem qualquer vínculo com a comunidade local, pode gerar uma série de transtornos para os moradores fixos.
Reclamações sobre festas barulhentas, desrespeito às regras do condomínio e até mesmo episódios de insegurança são frequentes.
A questão da segurança é um dos pontos mais sensíveis nesse tipo de locação.
Moradores relatam episódios de desconhecidos circulando livremente pelos corredores, dificultando o controle de quem entra e sai do prédio.
Além disso, há registros de furtos e danos ao patrimônio, muitas vezes sem possibilidade de responsabilização direta dos responsáveis.
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Câmara do Rio discute riscos à segurança
Diante desse cenário, a regulamentação dos aluguéis por plataformas digitais está sendo discutida na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Nesta segunda-feira (12), a Comissão especial criada para debater o assunto se reuniu com representantes das polícias Civil e Militar, para discutir o projeto de lei que quer regulamentar as plataformas de aluguel por temporada.
Comandada pelo presidente da comissão, vereador Salvino Oliveira (PSD), que também é autor do projeto, a reunião ouviu o tenente-coronel da PM, André Vieira Gueiros, subcomandante do BPTur; e os delegados da Polícia Civil Ângelo Lopes (12ª DP), Patrícia Alemany (Deat), além da inspetora Renata Fernandes de Moraes (Dcav).
“Um dos pontos mais importantes da regulamentação é justamente a segurança pública. As pessoas não estão se sentindo seguras em suas próprias casas por conta do movimento intenso que tomou conta dos condomínios cariocas. Não sabem quem está no apartamento ao lado, no elevador”, disse o parlamentar, justificando a importância de se ouvir as forças de segurança, argumenta Salvino.
Além de Salvino, também fazem parte da comissão os vereadores: Pedro Duarte (Novo), Pastor Deângeles (PSD), Talita Galhardo (PSDB) e Júnior da Lucinha (PSD).
Além da questão da segurança, o projeto de lei em análise busca estabelecer regras mais rígidas para o setor, incluindo a obrigatoriedade de cadastro no Ministério do Turismo e a obtenção de alvarás de funcionamento. Outra proposta em debate é a necessidade de autorização do síndico para que um imóvel seja alugado por temporada.
Enquanto proprietários e anfitriões defendem que mais burocracia e tributos que possam inviabilizar esse modelo de negócio, representantes da rede hoteleira argumentam que as plataformas de aluguel praticam uma “concorrência desleal”.
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Desvalorização e queda na qualidade de vida
Enquanto a regulamentação não avança, moradores de prédios com alta circulação de turistas seguem lidando com desafios diários.
Além do barulho e da falta de controle sobre quem frequenta os espaços comuns, há também impactos como a desvalorização dos imóveis e a redução na qualidade de vida dos residentes.
O episódio do cachorro provocado no elevador é apenas mais um exemplo de como a convivência entre moradores fixos e turistas pode ser, no mínimo, conturbada.
A discussão sobre o equilíbrio entre turismo e moradia segue em pauta.
A cidade do Rio de Janeiro é um dos destinos mais procurados do mundo e precisa encontrar soluções que garantam a segurança e o bem-estar de seus habitantes, sem inviabilizar o setor hoteleiro.
