Ao comentar a operação policial desta quarta (15) no Complexo do Alemão, para desmontar o esquema financeiro do tráfico de drogas na região, que movimenta milhões de reais todos os meses, o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, defendeu penas maiores para bandidos que portam fuzis e o fim da saidinha para presos de facções criminosas, que não retornam aos presídios.
O secretário destacou que a polícia hoje prende o mesmo criminoso mais de 30 vezes porque a legislação é branda, leniente e estimula o bandido a cometer o crime. Ele também criticou a ADPF 635, decisão do STF que restringe as ações das polícias nas favelas, que servem de reduto e esconderijo do tráfico.
“O grande problema no Rio de Janeiro hoje é o fuzil. Nós propusemos lá no Senado, que, por exemplo, o porte de fuzil seja punido com a mesma pena do tráfico Internacional de armas, que é de 16 a 24 anos de prisão. A nossa proposta foi que essas penas sejam somadas, porque hoje o fuzil é um presente para o traficante. Ele responde de 3 a 10 só com aumento de 1/6 de pena pelo porte de fuzil”, declarou, informando que a PM apreendeu mais de 640 fuzis em 2024.
Felipe Curi criticou o fato de mais de 10 mil presos terem sido colocados de novo nas ruas durante as audiências de custódia e defendeu mudanças na legislação penal. “Não podemos mais ter presos faccionados sendo liberados, como a Lei de Execuções Penais permite. Investigações mostram que há um código de conduta das facções criminosas que não permite que esses presos faccionados voltem para os presídios, porque se eles voltarem, perdem uma série de benefícios, entre aspas, que eles têm lá. Eles perdem postos na hierarquia, tudo isso já é público, notório, mas infelizmente a legislação não acompanha”, explicou o secretário, destacando que mais de 200 presos não retornaram da última saidinha de Natal
Por fim, o secretário destacou que a segurança pública é dever do estado, mas a responsabilidade é de todos. “Hoje o criminoso tem estímulo da legislação. Para ele acaba valendo a pena praticar o crime. As polícias Civil e Militar estão sozinhas nas ruas combatendo o crime. Precisamos de apoio, principalmente dessa alteração na legislação, para que haja efetividade no trabalho policial”.