Décadas de abandono na infraestrutura de água e esgoto trouxeram consequências duras para a Baixada Fluminense, onde a falta de serviços básicos fez parte da rotina de milhares de famílias. Em muitos pontos dessa região, uma torneira aberta simboliza muito mais do que um fluxo contínuo de água. Trata-se da concretização de um sonho esperado há anos, como é o caso de seu Totonho, de 70 anos, morador de Belford Roxo.
“Depois de uma espera de 30 anos, finalmente tenho água encanada. Antigamente, era um sofrimento usar a água de poço. A gente poderia até ficar doente, né? Agora não, temos certeza de que a água tem qualidade”, afirma Antônio Carlos Correia, o Seu Totonho, que vive no bairro Areia Branca.

A história de Seu Totonho representa a transformação que vem ocorrendo no saneamento do Rio de Janeiro desde que a Águas do Rio assumiu a concessão dos serviços em 27 cidades do estado, em novembro de 2021. Desde então, mais de 621 mil pessoas passaram a ter acesso regular a água tratada, um marco que ganha ainda mais relevância neste Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março.
Em pouco mais de três anos, a concessionária implantou mais de 1,4 mil quilômetros de novas redes de água e 175 quilômetros de redes de esgoto. Mas os avanços vão além da infraestrutura.
“Em pouco mais de três anos, investimos R$ 4 bilhões em saneamento, e isso não é apenas sobre tubulações e estações de tratamento; é sobre transformar realidades. Para as cerca de 10 milhões de pessoas que atendemos, cada torneira que se abre com água de qualidade significa mais saúde, dignidade e a chance de viver com mais segurança. Esse é o nosso propósito”, afirmou Anselmo Leal, presidente da Águas do Rio.
Estudo do Trata Brasil mostra importância do saneamento
Os benefícios do saneamento refletem diretamente na saúde pública. De acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil divulgado nesta semana, a falta de saneamento foi responsável por 344 mil internações no país em 2023 e por 11.544 óbitos por doenças relacionadas ao saneamento inadequado em 2022. Crianças de 0 a 4 anos e idosos representam 43,5% dessas internações. A boa notícia é que, após três anos de investimentos em saneamento, a taxa de internações pode cair em até 69,1%.
Além das questões ligadas à saúde, as intervenções da Águas do Rio também têm impacto ambiental significativo, contribuindo para a recuperação da Baía de Guanabara. Em São Gonçalo, um novo sistema de Coleta em Tempo Seco vai evitar que 12 milhões de litros diários de esgoto contaminado cheguem aos rios e deságuem na baía. Na Baixada Fluminense, as melhorias no saneamento em Japeri e Queimados vão retirar 51 milhões de litros de esgoto por dia da Bacia do Guandu, beneficiando diretamente 270 mil pessoas e impactando positivamente 9 milhões de fluminenses que dependem do abastecimento da região.

Tecnologia contra o desperdício
Outro desafio enfrentado é a redução das perdas de água. Quando a Águas do Rio assumiu a concessão, 65% da água distribuída se perdia pelo caminho. A meta é baixar esse índice para 25% em dez anos. Para isso, a concessionária investe em tecnologia de ponta, como satélites que detectam vazamentos subterrâneos — a mesma técnica usada para encontrar água em Marte. Além disso, 266 válvulas inteligentes estão sendo instaladas para controlar automaticamente a pressão na rede, prevenindo desperdícios e rompimentos.
Atualmente, o volume de água desperdiçado equivale a 19 bilhões de litros por mês, o suficiente para abastecer quatro milhões de pessoas. Com as inovações, esse cenário está mudando, garantindo que mais pessoas tenham acesso à água tratada e de qualidade.