A segunda audiência pública sobre a Força de Segurança Municipal escancarou o que já era perceptível: o PLC 13/2025 virou sinônimo de improviso com uniforme e arma na cintura. Sem Casa Civil, sem Ordem Pública e sem Procuradoria Geral no plenário, a Prefeitura preferiu o silêncio. Mas a oposição fez barulho.
Rogério Amorim (PL) chamou de “desrespeito à cidade” a ausência da cúpula do Executivo e foi direto ao ponto: “É como se um segurança de shopping levasse a arma para casa. Ele é um civil como eu”. Ao lado dele, Carlos Bolsonaro (PL) foi ainda mais incisivo: “Se seguir como está, a Guarda está perdida”. E alertou para o que o texto realmente representa: uma “carnificina institucional com gratificação de R$ 10 mil, sem concurso público e com porte de arma” — abrindo espaço para indicações políticas e contratações temporárias sem preparo técnico, custando meio milhão de reais os cofres públicos.
Para os vereadores que acompanham de perto a realidade da tropa, a leitura é a mesma: o projeto não fortalece a Guarda. Sucateia. Com mais de 2 mil agentes afastados por falta de valorização, a solução da Prefeitura quer ser um “BOPE de vitrine”, terceirizado, aparelhado e sem raiz legal.
Jones Moura (PSD), deputado federal, lançou um recado direto aos vereadores: “Dizer que apoia guarda no microfone é fácil. Quero ver assinar emenda”. Moura também expôs contradições dentro de bancadas como a do PSOL, que diz ser contra o projeto, mas assina parecer permitindo sua tramitação. Também denunciou a postura de comissões que aceleram o texto sem cobrar sequer os requerimentos de informação básicos ao prefeito.
A votação do projeto de lei complementar está marcada para esta tarde. Mas o recado ficou claro: ou o texto muda — ou a cidade corre o risco de institucionalizar a insegurança, com arma na mão errada e comando nas mãos de quem não tem compromisso com a tropa.