Educação à beira do colapso: universidades sofrem com cortes de verba no governo Lula

Jefferson Lemos
A comunidade acadêmica admite frustração, mas quase não vai às ruas se manifestar, como nos governos anteriores devido à viéis ideológico, como mostra imagem de 2019 (Fábio Caffé/Coordcom/UFR)

Eleito com promessa de investir na educação, o governo Lula não está fazendo o dever de casa. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)enfrenta uma grave crise financeira devido a cortes no orçamento promovidos pelo governo petista. Segundo a universidade, o orçamento para 2025 é menos da metade que o de 2012.

A redução dos recursos tem afetado diretamente a infraestrutura da universidade, comprometendo a qualidade do ensino e dificultando o funcionamento básico da instituição.

A dura realidade é compartilhada por várias outras universidades federais espalhadas pelo país, que também sofrem com cortes em seus orçamentos.

De acordo com informações da própria UFRJ, a universidade receberá apenas 60% dos R$ 406 milhões previstos para este ano, um orçamento que já era considerado insuficiente.

A situação se agravou com a publicação de um decreto que limita os gastos mensais das universidades federais, afetando despesas essenciais como manutenção predial, transporte para atividades extracurriculares e até mesmo o pagamento de contas básicas, como água e luz.

Estudantes relatam que enfrentam prédios deteriorados, falta de equipamentos e suspensão de aulas práticas devido à precariedade das instalações.

Universidades cortam gastos com limpeza e reforma

A crise na UFRJ reflete um problema maior que atinge diversas universidades federais pelo país. Instituições como a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) também relatam dificuldades financeiras severas. Universidades precisaram cortar gastos com limpeza e reforma.

A UFAL, por exemplo, afirmou que receberá R$ 4 milhões por mês, enquanto suas despesas chegam a R$ 6 milhões, tornando impossível manter o funcionamento adequado. A UFRGS restringiu o transporte interno dos alunos e suspendeu a aquisição de equipamentos de informática, enquanto a UFCG precisou renegociar contratos para evitar a paralisação de serviços essenciais.

A comunidade acadêmica, que em boa parte manifestou apoio à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora se vê frustrada com os cortes orçamentários, mas quase não vai às ruas se manifestar como fez em outros governos, devido a viés ideológico.

Durante sua campanha eleitoral, Lula destacou a educação como uma de suas principais bandeiras, prometendo investimentos no ensino superior. No entanto, a realidade enfrentada pelas universidades federais tem gerado críticas e protestos por parte de estudantes, professores e pesquisadores, que alertam para o risco de colapso do sistema universitário público.

Cortes comprometem produção científica

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) expressou preocupação com a situação e pediu uma suplementação orçamentária urgente para garantir o funcionamento das universidades.

Segundo a entidade, os cortes acumulados ao longo dos anos continuam impactando negativamente a educação superior no Brasil, comprometendo não apenas a infraestrutura, mas também a produção científica e a formação de profissionais qualificados.

O governo lava as mãos e tenta empurrar a culpa para as gestões anteriores, afirmando que a necessidade de manutenção de infraestrutura das universidades federais não é um desafio de hoje e decorre da política implementada nos últimos anos, de 2016 a 2022, e que foi gerado um passivo para o atual governo, o que não explica o corte no orçamento.

Diante desse cenário, a crise financeira das universidades federais se torna um dos principais desafios para o governo, que precisa encontrar soluções para evitar o sucateamento do ensino público e garantir que as instituições continuem desempenhando seu papel fundamental na sociedade.

Compartilhe Este Artigo
Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress