Câmara empurra votação do empréstimo de R$ 6 bi pedido por Paes para a semana que vem

Jefferson Lemos
Proposta do prefeito recebeu emendas não só da oposição, mas também dos maiores aliados, que tentam reduzir o valor, considerado absurdo

Clima tenso na Câmara do Rio, na sessão desta quinta (03). O líder do PL na Casa, Rogério Amorim, pediu verificação de quórum e a sessão acabou derrubada, como já estava combinado entre os vereadores, tanto os da base quanto os da oposição. Com isso, todas as pautas foram adiadas para a próxima semana, em especial a autorização para a prefeitura contrair novos empréstimos que poderiam somar até R$ 6 bilhões, motivo principal da tensão. As informações são de Giovanna Ribeiro/Tempo Real.

A semana já começou tensa, com o embate em torno do armamento da Guarda Municipal. Mas o pedido bilionário do prefeito Eduardo Paes (PSD) tornou o ambiente turbulento. O texto ganhou emendas assinadas até por alguns dos mais fiéis aliados do governo.

Uma delas foi apresentada pelo presidente da Câmara, Carlo Caiado (PSD), e pela presidente da Comissão de Orçamento, Rosa Fernandes (PSD). Esta emenda reduz o valor — dos R$ 6 bilhões para pouco mais de R$ 2 bilhões. Mas foi da bancada do PL, a maior da oposição, que partiu o maior corte nas pretensões do prefeito. A emenda limitou o novo endividamento em apenas R$ 500 milhões.

Endividamento público

Desde que reassumiu a prefeitura, em 2021, este é o sexto pedido de empréstimo enviado por Paes. Desta vez, segundo o relatório técnico produzido pelo gabinete do vereador Rafael Satiê (PL), existe uma série de inconsistências no projeto do prefeito.

Uma delas refere-se à ausência de um plano detalhado: de acordo com o vereador, o crédito não está vinculado a qualquer obra ou programa específico, e não há estudos que comprovem a viabilidade da operação.

O mais grave, porém: tudo isso com cláusulas que permitem a contratação sem a garantia da União. Ou seja, com risco de juros mais altos e chance de usar receitas futuras como contrapartida. Com isso, o prefeito poderia pegar o empréstimo e empurrar a dívida para os próximos anos — e para os próximos gestores, quando ele já pretende estar no Palácio Guanabara, livre dos “boletos” contraídos pelo município.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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