Em um retrato alarmante da miséria urbana, o Brasil ultrapassou sob o governo Lula a marca de 345 mil pessoas vivendo em situação de rua — o maior número desde o início da série histórica em 2010. O dado, divulgado pelo Observatório Brasileiro de Políticas com a População em Situação de Rua da UFMG, representa um aumento de mais de 100% em pouco mais de um ano, superando com folga os 160 mil registrados em 2023.
Segundo os especialistas da UFMG e do Ipea, o fenômeno é impulsionado por uma combinação de fatores estruturais: crise econômica prolongada, inflação persistente e déficit habitacional crônico. A alta nos preços de alimentos e aluguéis, somada à precarização do mercado de trabalho, tem empurrado milhares para as calçadas das grandes cidades.
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O salto ocorre mesmo após o lançamento do plano federal Ruas Visíveis, anunciado em dezembro de 2023 com promessa de investimento anual de R$ 1 bilhão em áreas como segurança alimentar, habitação, saúde e trabalho. A iniciativa, que também previa a realização de um censo nacional, não conseguiu conter o avanço da população em situação de rua — hoje estimada em mais de 1 a cada 600 brasileiros.
O perfil predominante dos moradores de rua é composto por homens (84%) entre 30 e 59 anos (70%), revelando uma faixa etária ativa que perdeu acesso à moradia e renda.
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Outro fator que contribui para a permanência dessas pessoas nas ruas é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que desde 2023 proíbe remoções forçadas, dificultando ações de retirada e realocação sem consentimento.
Os números indicam que a estratégia do governo federal precisa ser revista com urgência. O crescimento acelerado da população em situação de rua escancara a fragilidade das políticas públicas diante de uma crise social que se aprofunda.