O brasileiro não aguenta mais pagar impostos. Essa é a sensação que ecoa nas ruas, nas redes sociais e nas rodas de conversa, enquanto o governo federal comemora um novo recorde de arrecadação. Em junho de 2025, a União arrecadou R$ 234,6 bilhões, um crescimento real de 6,62% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do semestre, o total já chega a R$ 1,425 trilhão, o maior da história.
Mais impostos, menos alívio
O salto na arrecadação não veio de crescimento econômico, mas sim do aumento da carga tributária. O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), por exemplo, teve alta de quase 40%, rendendo R$ 8 bilhões só em junho. A medida, inicialmente barrada pelo Congresso, foi restabelecida pelo STF, reacendendo o debate sobre a insegurança jurídica e o peso fiscal sobre o cidadão.
Outras medidas também contribuíram para engordar os cofres públicos:
– Taxa das blusinhas: 20% sobre compras internacionais acima de US$ 50, afetando diretamente consumidores de baixa renda.
– Tributação das apostas esportivas: carga total próxima de 50%.
– Fim das isenções: LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas passaram a ser tributadas.
– Reoneração da folha: retomada gradual da cobrança sobre salários até 2028.
– Aumento do IR sobre JCP e fundos exclusivos.
O peso da carga tributária e o vazio dos serviços
O Brasil já figura entre os países com maior carga tributária do mundo, mas o retorno dos tributos pagos segue invisível para a maioria da população. Saúde precária, educação deficiente, segurança frágil e infraestrutura abandonada contrastam com os bilhões arrecadados mês a mês.
Enquanto isso, o brasileiro lida com inflação persistente, alta nos preços, encarecimento do crédito e queda no poder de compra. A sensação é clara: paga-se muito, recebe-se pouco — ou nada.
Viagens, gastos e promessas não cumpridas
O contraste se acentua com as frequentes viagens internacionais do presidente Lula e da primeira-dama Janja, que geram críticas sobre prioridades e gastos do Executivo. Promessas de campanha como melhoria nos serviços públicos e justiça social seguem distantes da realidade, alimentando o desgaste da imagem presidencial.
Descontrole fiscal e desgaste político
A estratégia do governo tem sido sustentar o equilíbrio fiscal com base em aumentos de impostos, sem apresentar um plano claro de redução de gastos ou reforma administrativa. O resultado é um país onde o cidadão paga a conta do descontrole — e ainda vê o governo celebrar.
Arrecadação recorde, mas a que custo?
O recorde de arrecadação é um dado técnico impressionante, mas ele escancara uma verdade incômoda: o brasileiro está no limite. A conta está sendo paga por quem menos tem, enquanto o retorno dos tributos segue uma promessa não cumprida. E, diante disso, a pergunta que ecoa é inevitável: até quando?