‘Trump Japonês’ rompe hegemonia nas urnas e confirma ascensão global da nova direita

Jefferson Lemos
Com o lema “Japão em Primeiro Lugar”, o Sanseito desestabilizou a coalizão governista no Japão (Reprodução)

O Japão viveu um terremoto político no último domingo (20), quando o partido Sanseito — fundado durante a pandemia — emergiu como o grande vencedor das eleições para a Câmara Alta. Sob a liderança de Sohei Kamiya, conhecido como o “Trump japonês” por seu discurso conservador e alinhado ao presidente dos Estados Unidos, o partido saltou de uma única cadeira para 14 assentos, tornando-se a terceira maior força de oposição no Senado. Com o lema “Japão em Primeiro Lugar”, o Sanseito desestabilizou a coalizão governista e confirmou o crescimento da direita em cadeia global que vem se consolidando em diversos continentes.

‘Japão em Primeiro Lugar!’

Sohei Kamiya, ex-professor de inglês e ex-gerente de supermercado, construiu sua base política a partir de um canal no YouTube. O Sanseito defende:

– Regras mais rígidas para imigração e compra de imóveis por estrangeiros
– Remilitarização do país
– Incentivos financeiros para famílias japonesas e restrições a bolsas para estrangeiros
– Críticas às políticas de gênero

Kamiya já declarou apoio a partidos como o AfD na Alemanha e Reform UK no Reino Unido, que também tiveram crescimento estrondoso em seus países, e defende que o Japão tenha armas nucleares e postura mais agressiva contra a China, que têm expandido seu território pelo Mar da China que tem efeitos colaterais nos direitos de navegação e soberania sobre o conjunto de arquipélagos de Spratley e Paracel.

Seu estilo direto, nacionalista e provocador lhe rendeu o apelido de “Trump japonês” — e, como Trump, ele mobiliza uma base fiel e engajada nas redes sociais.

A nova direita global: da Europa à América do Sul

A ascensão do Sanseito no Japão é parte de um fenômeno mais amplo. Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) tornou-se a segunda maior força política, superando os social-democratas e desafiando o governo de Olaf Scholz. Na França, o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen superou o partido de Emmanuel Macron nas eleições europeias, consolidando sua posição como principal força de oposição. Na Itália, Giorgia Meloni lidera o governo com o Fratelli d’Italia, partido de raízes neofascistas.

Em Portugal, o partido Chega saltou de um único deputado para 58, tornando-se a terceira maior força parlamentar. Na Argentina, Javier Milei venceu as eleições com um discurso ultraliberal e antissistema, enquanto no Brasil, o bolsonarismo mantém forte influência política.

Essa guinada à direita é impulsionada por crises econômicas, insegurança pública, aumento da imigração e desilusão com promessas não cumpridas da esquerda, associada à estagnação, corrupção e políticas identitárias impopulares.

O cenário global: rejeição aos excessos da esquerda

Em 2025, a rejeição à esquerda se tornou evidente em países como Alemanha, Canadá, Chile, Espanha e Japão, onde partidos progressistas perderam espaço para forças conservadoras. A guinada reflete o desgaste de políticas identitárias e a cobrança por resultados concretos, como segurança, emprego e soberania nacional.

Confira as principais críticas à esquerda no Mundo:

Radicalismo ideológico e isolamento internacional

– A política externa guiada por afinidades ideológicas, como a aproximação com regimes autoritários ou o antagonismo com potências econômicas, pode isolar o país no cenário global.
– Um exemplo recente foi a taxação imposta por Donald Trump ao Brasil, como forma de punição à postura ideológica do governo Lula, que priorizou alinhamentos políticos em detrimento de negociações estratégicas.

Crises econômicas e insegurança pública

– Em diversos países, governos de esquerda foram responsabilizados por políticas econômicas que geraram inflação, desemprego e aumento da criminalidade.
– A Argentina sob Alberto Fernández, antes da eleição de Javier Milei, enfrentou hiperinflação e colapso fiscal.
– No Chile, o governo de Gabriel Boric viu sua popularidade despencar após tentativas frustradas de reforma constitucional e aumento da violência urbana.

Judicialização e polarização institucional

– A esquerda também é acusada de instrumentalizar instituições como o Judiciário e a mídia, o que pode gerar crises de governabilidade e desconfiança democrática.
– No Brasil, o governo Lula enfrenta críticas por excessiva dependência de decisões judiciais e por não conseguir consolidar uma base política estável no Congresso.

Fragmentação interna e falta de projeto claro

– A esquerda sofre com divisões internas, dificultando a construção de uma agenda coesa.
– A ausência de um projeto econômico claro e a dependência de medidas populistas podem comprometer a credibilidade do governo e afastar investidores.

O que vem pela frente?

A ascensão da direita, como vimos com o Sanseito no Japão, é tanto uma reação aos excessos da esquerda quanto uma expressão de novas demandas sociais.

A ascensão meteórica do Sanseito representa um divisor de águas na política japonesa e um reflexo claro da nova direit se vê no epicentro de uma revolução ideológica que ecoa de Tóquio a Washington, de Berlim a Buenos Aires.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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