Durante audiência pública na Alerj para debater o uso de drones lançadores de granadas por criminosos no Rio, o deputado federal Sargento Portugal (PODE-RJ) argumentou que após a ADPF entrar em vigor, a bandidagem se fortaleceu em seus redutos e que hoje a polícia sozinha já não consegue combater de forma eficaz o crime organizado.
“Pode chamar 10 mil, 20 mil policiais que não vai adiantar. Estamos perdendo a guerra”, lamentou, afirmando que o que move a criminalidade atualmente é a briga por territórios, onde faturam com as construções irregulares, a apropriação da prestação dos serviços de concessionárias – como a de telefonia através dos gatonets-, e a extorsão de comerciantes, por exemplo. “A briga hoje não é por droga, é por território”, resumiu.
O parlamentar alertou ainda para as dificuldades de se combater os drones e de se enquadrar perante a legislação as pessoas que operam os equipamentos para os bandidos.
“Se o drone for simplesmente abatido pode cair em cima de alguém. Além disso, como você vai caracterizar que o drone está a serviço do crime? A pessoa pode alegar que está apenas fazendo uma filmagem da comunidade”, argumentou o deputado, lembrando que situação parecida acontece hoje em relação às barricadas montadas nas favelas. “O cidadão que monta a barricada para o tráfico costuma ser enquadrado atualmente apenas no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), por obstrução de vias públicas”, comparou, chamando a atenção para a aberração.
Se por um lado os criminosos se sentem mais seguros em seus redutos, por outro os policiais acabam sofrendo com as consequências do fortalecimento do crime organizado. Além de estarem cada vez mais expostos à riscos de morte, os que operam os drones da polícia trabalham sobrecarregados pela escala de trabalho, sendo deslocados para serviços em locais muito distantes de onde moram. “Apenas neste ano mais de 20 PMs se suicidaram”, comentou o deputado.
A audiência pública foi promovida pela Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj.