Quem vive a vida toda em uma comunidade aprende cedo que é preciso jogo de cintura para superar as dificuldades causadas pela privação de infraestrutura básica. Foi assim com Maria das Graças Carneiro, de 68 anos. Moradora do Morro da Mangueira desde que veio ao mundo, ela sofreu com a falta d’água na comunidade da Zona Norte carioca por décadas. Hoje, a idosa comemora o fato de ter água na torneira – ela é uma das 621 mil pessoas que passaram a ter esse recurso tratado e encanado regularmente desde que a Águas do Rio assumiu, há quase três anos, a concessão dos serviços de saneamento básico em 27 cidades fluminenses.
“Não existia água no morro, não tinha cano ou torneira nas casas. Não importava a hora, sempre ficavam mais de 40 pessoas numa fila para pegar água numa biquinha perto da linha do trem (onde hoje fica a estação ferroviária na Rua Visconde de Niterói). Saía até briga”, lembra Maria das Graças.
Sinônimo de dignidade e mais qualidade de vida, essa transformação social comprovada em números só foi possível graças ao modelo tarifário baseado no princípio do subsídio cruzado. E o que exatamente significa o termo? Trata-se de um sistema de financiamento no qual as tarifas de consumidores que têm mais condições financeiras ajudam a pagar o acesso ao serviço para quem está em situação de vulnerabilidade.
Dessa forma, as receitas obtidas nas áreas de maior poder aquisitivo são direcionadas para expandir os serviços de saneamento em regiões mais pobres, como a comunidade da Mangueira. Essa abordagem do contrato de concessão garante que o saneamento básico, que é um direito fundamental, chegue a todos, independentemente de sua renda ou local de moradia. Também subsidia a Tarifa Social, que oferece desconto na conta de água, que hoje já beneficia 2,4 milhões de pessoas de baixa renda.
Além disso, os investimentos realizados pela Águas do Rio têm gerado impactos diretos na infraestrutura das cidades atendidas. Mais de 1,3 mil km de redes de água foram instaladas ou substituídas, e 151 km de redes de esgoto, construídas ou renovadas. Isso significa não apenas uma melhoria na qualidade dos serviços, mas também mais saúde e segurança para a população.
O que a Águas do Rio tem feito nos últimos anos é um exemplo de como o modelo de subsídio cruzado pode transformar realidades, não apenas levando água e esgoto tratados a quem mais precisa, mas também promovendo desenvolvimento, saúde e dignidade.
De acordo com a empresa, em quase três anos de operação, mais de R$ 3,5 bilhões foram investidos em melhorias de água e esgoto, especialmente em áreas vulneráveis na capital, Baixada Fluminense e região de São Gonçalo. A previsão é injetar na infraestrutura sanitária do estado cerca de R$ 40 bilhões ao longo dos 35 anos de concessão, o maior investimento no setor em toda a história do Brasil. Boa parte desse recurso será investida nos próximos oito anos: R$ 19 bilhões, em acordo com as metas do Marco Legal do Saneamento, que prevê 99% da população com acesso à água tratada e 90% ao esgotamento sanitário até 2033.