Análise do último debate para prefeito do Rio

Jefferson Lemos

Por Jefferson Lemos

O grande derrotado no debate da Globo desta quinta (3) não estava presente e nem concorre à prefeitura do Rio. Trata-se do governador Cláudio Castro (PL), que há dois anos se reelegeu no primeiro turno com cerca de 60% dos votos e hoje não tem ninguém para defendê-lo, a ponto do próprio candidato de seu partido definir sua gestão como “medíocre” durante o embate com os adversários. 

Sem apoio popular e político, Cláudio Castro caminha para virar um cadáver político, visto que na Alerj deputados já falam em isolamento político pelos corredores, um triste fim parece reservado ao governador, abandonado até pela sua base no Legislativo Fluminense.

No debate da Globo, o governador do Rio foi humilhado e execrado de forma nunca vista antes em um debate. Ao ser questionado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), que tenta a reeleição, sobre como vai melhorar a segurança se o seu padrinho Cláudio Castro tem se mostrado um desastre na área, Delegado Ramagem (PL) rebateu sem titubear: 

“Não tenho padrinho político. Minha liderança política se chama Jair Bolsonaro”, disse o delegado, acrescentando que o governador soube de sua candidatura pela imprensa. Ramagem não parou por aí: “A gestão de Cláudio Castro é medíocre, tem muito a se fazer, mas a sua é pior. Seu grupo político é do Lula, do Freixo, a favor do aborto e das drogas”, respondeu Ramagem. 

Num último esforço para levar as eleições para o segundo turno, onde a polarização deve equilibrar a disputa entre Paes, candidato de Lula, e Ramagem, apoiado por Bolsonaro, o delegado mirou no debate o voto não apenas dos bolsonaristas, mas também dos cristãos e indecisos. Ele foi apoiado por Rodrigo Amorim (União), outro bolsonarista na disputa, que também buscou apontar falhas da gestão de Eduardo Paes, lembrando episódios como o do Cavalo Taradão nas salas de aula do ensino fundamental. Amorim também voltou a vincular o nome de Paes ao do ex-governador Sérgio Cabral.

Tanto Amorim quanto Ramagem disseram que vão investir na segurança pública e em tecnologia.  O candidato do PL chegou a garantir wifi de graça em toda a cidade. “Nós fazemos propostas sérias, não picanha e Ozempic”, cutucou Ramagem.

Macaco velho, o prefeito Eduardo Paes apostou suas fichas na bandeira da ampliação das linhas de BRT e na implantação do Jaé, o novo bilhete eletrônico carioca, enquanto se defendia como pôde dos ataques de todos os lados, inclusive de Tarcísio Motta (PSOL). Aliás, em meio ao debate das propostas, o psolista teve que defender sua candidatura do voto útil em Paes, pregado por boa parte da esquerda mais radical. Tarcísio, inclusive, chamou o prefeito de “vira casaca”: “Já foi tucano, já votou em Bolsonaro. De forma oportunista, no final de 2022, você apoiou o Lula, senão teria ido até o fim com Ciro Gomes”.

Marcelo Queiroz, por sua vez, se mostrou o mesmo dos outros debates. Apresentou seus projetos e soltou algumas farpas contra Paes: “A prefeitura pode potencializar o Segurança Presente, por exemplo. A Guarda Municipal e o servidor público estão desacreditados. Estamos discutindo pauta de direita e esquerda enquanto os guardas estão sem seus salários”, disse Queiroz ao falar de suas propostas sobre a pauta. No fim, parece ter sido o que menos causou impacto, mas ainda assim teve seu ganho político.

  • Imagem/Reprodução/TVGlobo
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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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