A oposição no Congresso Nacional intensificou sua ofensiva contra o governo Lula ao propor isenção total do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 10 mil mensais — o dobro do valor sugerido pelo Executivo. A medida, que beneficiaria diretamente o trabalhador e a classe média, vem acompanhada da exigência de fim das compensações fiscais e de uma guinada rumo à austeridade. Parlamentares acusam o governo de arrecadar como nunca, mas entregar muito aquém do esperado à população.
Carga tributária em alta e entregas em baixa
Desde o início do terceiro mandato de Lula, o governo já elevou ou criou mais de 20 tributos, incluindo reoneração de combustíveis, taxação de compras internacionais, apostas esportivas, investimentos no exterior e até heranças. A Medida Provisória mais recente prevê arrecadação bilionária — R$ 105 bilhões em 2025 e R$ 206 bilhões em 2026. Para a oposição, trata-se de uma escalada tributária sem precedentes, que penaliza o contribuinte enquanto os serviços públicos permanecem estagnados.
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Gastos questionados e prioridades invertidas
Além da alta carga tributária, os opositores apontam desperdícios com viagens internacionais e programas que não figuram entre as principais demandas sociais. A falta de reajuste da tabela do IR, defasada há anos, agrava ainda mais a situação do trabalhador, que vê seu poder de compra corroído pela inflação e pela tributação excessiva.
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Articulação política contra compensações fiscais
Entre os principais articuladores da proposta estão nomes de peso da oposição, como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Luciano Zucco (PL-RS), deputados da base bolsonarista, que propuseram ampliar a isenção para até R$ 10 mil e aplicar a alíquota máxima de IR apenas para rendas acima de R$ 20 mil. Ciro Nogueira (Progressistas-PI), senador e ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, lidera no Senado a ofensiva para barrar as compensações fiscais e ampliar a faixa de isenção, enquanto Antônio Rueda (União Brasil), presidente do partido, atua nos bastidores para desidratar o projeto de Lula e dificultar a estratégia fiscal do governo.
Reforma tributária vira campo de batalha
Com a votação prevista para setembro, o Congresso se prepara para uma disputa decisiva. De um lado, o governo tenta preservar sua proposta com compensações fiscais; do outro, a oposição pressiona por uma reforma mais ousada e sem ônus para o contribuinte. Em jogo está não apenas o equilíbrio das contas públicas, mas também a confiança da população em quem realmente defende seus interesses — e o futuro da política fiscal brasileira.