Fraude do INSS: Lula pede ao STF limites para responsabilização da União em ressarcimentos aos aposentados

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Milhões de aposentados podem enfrentar mais obstáculos para reaver o que é de direito após ação assinada pelo próprio presidente da República ser protocolada na Suprema Corte

Milhões de aposentados que sofreram descontos indevidos em seus benefícios do INSS podem enfrentar mais obstáculos para reaver o que é de direito. O governo Lula recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir limitação da responsabilidade da União e do INSS por fraudes nas aposentadorias, envolvendo cobranças irregulares feitas por associações sindicais entre março de 2020 e março de 2025.

A ação — uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) — foi protocolada na quarta-feira (11) e assinada pelo próprio presidente da República, pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e pela secretária-geral de Contencioso, Isadora Cartaxo. Na ação, a Advocacia-Geral da União (AGU) sustenta que decisões judiciais com interpretações conflitantes sobre até onde vai a responsabilidade do governo pelo prejuízo causado aos aposentados têm dificultado uma definição mais rápida para restituir os valores.

O esquema de descontos irregulares em aposentadorias movimentou R$ 2 bilhões em 2023 e provocou reações em cadeia. A Polícia Federal abriu inquérito, a CGU iniciou apurações e, em abril, a Operação Sem Desconto foi deflagrada. O escândalo derrubou o então presidente do INSS e o ministro da Previdência, Carlos Lupi.

Apesar da gravidade dos fatos e da mobilização do Judiciário, o governo tenta agora frear os efeitos das decisões que favorecem os aposentados — muitos deles sem recursos para cobrar a devolução por vias administrativas. A AGU quer impedir, por exemplo, que a restituição seja feita em dobro, como prevê o Código de Defesa do Consumidor — argumento que, segundo o órgão, não se aplicaria ao caso.

A AGU afirma que o objetivo da ação é garantir uma restituição “eficaz e segura” e evitar que milhões de novas ações cheguem ao Judiciário. Ao mesmo tempo, o governo pede que o STF afaste o teto de gastos previsto no novo arcabouço fiscal e autorize crédito extraordinário para bancar as reparações.

Enquanto a disputa avança nos tribunais, os aposentados seguem no prejuízo. O governo estima que mais de 9 milhões de descontos associativos foram realizados nos últimos cinco anos. Já o Conselho Nacional de Justiça contabiliza 4,1 milhões de ações previdenciárias em tramitação.

A relatoria da ADPF ficou com o ministro Dias Toffoli, que também conduz uma ação semelhante sobre o mesmo tema. Até lá, os aposentados seguem aguardando a devolução do dinheiro que foi subtraído e uma resposta clara do governo.

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