Crianças à venda! Polícia desbarata rede de tráfico infantil no Pará

Jefferson Lemos

Em uma operação que escancarou os horrores do tráfico humano no Brasil, a Polícia Civil do Pará prendeu em flagrante três pessoas envolvidas em um esquema de venda de crianças. A ação, batizada de “Infância Segura”, ocorreu em Conceição do Araguaia, no sul do estado, após uma denúncia anônima alertar sobre a tentativa de comercialização de um bebê de apenas dois meses de vida.

Segundo as autoridades, o bebê seria entregue a um casal do Rio de Janeiro, que articulava a adoção ilegal por meio de documentos falsificados, incluindo autorização de viagem e procuração supostamente assinadas pela mãe biológica. O trio foi interceptado no cartório onde pretendia formalizar a adoção fraudulenta. A criança foi resgatada e encaminhada ao Conselho Tutelar, onde recebe atendimento especializado.

Durante as investigações, os agentes identificaram um grupo em redes sociais com indícios de envolvimento na venda de crianças. O grupo compartilhava instruções sobre falsificação de documentos, como atestados de vida e de óbito, usados para facilitar o tráfico.

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A infância em risco

O caso no Pará não é isolado. Em Valinhos (SP), um esquema de tráfico internacional de bebês foi desmantelado pela Polícia Federal em dezembro de 2023. Um empresário português foi preso após registrar duas crianças como seus filhos e tentar levá-las para Portugal com documentos falsos. Uma das crianças, levada com apenas 19 dias de vida, foi repatriada meses depois.

Esses episódios revelam uma realidade brutal: crianças brasileiras estão sendo negociadas como mercadoria, vítimas de redes criminosas que exploram vulnerabilidades sociais e brechas legais. O tráfico de pessoas com fins de adoção ilegal é tipificado no artigo 149-A do Código Penal Brasileiro, mas ainda carece de mecanismos eficazes de prevenção e punição.

Dados alarmantes

Segundo o Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas de 2024, divulgado pelo Ministério da Justiça, crianças representam 30% das vítimas identificadas no Brasil. A exploração sexual e a adoção ilegal estão entre os principais fins do tráfico, com redes sociais sendo o principal canal de aliciamento.

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Um chamado à ação

A Polícia Civil reforça a importância das denúncias anônimas para combater crimes contra crianças e adolescentes. Informações podem ser repassadas pelos números Disque 100 ou Disque-Denúncia 181.

A violência que antes parecia restrita a zonas de conflito ou periferias agora se infiltra em cartórios, redes sociais e maternidades. E suas vítimas mais indefesas — os bebês — são alvos das maiores barbaridades. O Brasil precisa olhar para essa realidade com urgência, porque quando a infância é violada, todo o futuro está em risco.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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