Réveillon em Copa e os R$ 5,6 milhões que viraram fumaça

Jefferson Lemos

A tradicional queima de fogos em Copacabana durante o maior réveillon do mundo, que teria custado R$ 5,6 milhões aos cofres públicos segundo publicado em D.O. no último dia 16 de dezembro, acabou ofuscada pela fumaça e ainda está dando o que falar, tendo virado meme nas redes sociais. A empresa responsável pelo espetáculo pirotécnico colocou a culpa na alta umidade do ar (89% segundo o Inmet), mas não convenceu muita gente.

Além de não ter previsto as condições do clima no dia do espetáculo milionário, levantou entre internautas suspeitas sobre a má qualidade das 15 toneladas de fogos utilizados. A cortina de fumaça, no entanto, não conseguiu esconder palavrões e conteúdo sexual que foram expostos às crianças presentes na festa da virada durante os espetáculos de artistas.

O prefeito Eduardo Paes, admitiu o problema da fumaça, mas tentou minimizá-lo: “Também não gostei da fumaça. Vou me especializar em fogos de artifício para não ter mais problemas. Mas a festa foi linda, tirando esse problema.”.

Zeca Pagodinho reclama do som

A baixa qualidade do som também não agradou o público de 2,6 milhões de pessoas que assistiram aos shows nos três palcos montados na areia. Houve reclamações ainda dos banheiros sujos e da falta de segurança. Além de relatos de brigas, muita gente acabou voltando para casa sem o celular. Pelo menos 17 aparelhos furtados foram recuperados, segundo informações da PM.

Um dos artistas que se apresentaram, Zeca Pagodinho foi um dos que mais reclamou. Falou mal da luz, do teleprompter, da segurança, da Riotur e, o mais importante para ele, do som.

O garoto (nem tão garoto) propaganda da Brahma teve até de interromper seu show devido a uma das muitas brigas que ocorreram durante o evento.

Crianças expostas a palavrões e conteúdo sexual

Como se não bastasse, a TV Globo, que transmitiu o evento ao vivo, precisou censurar parte da apresentação de Anitta, cortando o áudio da cantora, devido aos inúmeros palavrões proferidos no palco. Além das palavras de baixo calão, crianças que estavam ‘in loco’ na virada em Copacabana (e não assistiram pela televisão) também foram expostas ao conteúdo sexual de suas músicas.

“É revoltante que, em um evento de alcance mundial como o réveillon de Copacabana, crianças tenham sido expostas a palavrões e conteúdos com teor sexual. Isso demonstra um total descaso com a proteção da infância, que deveria ser prioridade em qualquer planejamento público. Eventos dessa magnitude precisam respeitar as famílias, garantindo ambientes seguros e apropriados. Nosso mandato vai lutar para que as crianças sejam protegidas em todos os lugares, principalmente no município do Rio de Janeiro”, afirma o vereador Leniel Borel (PP).

A população foi outra que deixou a desejar. No dia seguinte, 508 toneladas de lixo foram removidas do principal evento da virada. Em Copacabana, foram 60 toneladas a mais do que no ano passado. E por falar em lixo, depois do fiasco organizado pela prefeitura no réveillon, agora a preocupação do contribuinte é com o carnaval, para que o dinheiro investido na maior festa popular do mundo também não vá parar na lixeira.

  • Imagens/Divulgação/Prefeitura do Rio
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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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