Um estudo do Instituto Cidades Responsivas expôs uma realidade nada glamorosa do Rio de Janeiro: a cidade amarga o pior índice de deslocamento para o trabalho entre oito capitais brasileiras. Para quem enfrenta ônibus lotados, trens atrasados e tarifas absurdas, o dado não é surpresa, mas é um alerta grave sobre a mobilidade urbana no município.
O levantamento analisou a capacidade de acessar empregos em até 45 minutos de transporte público, e o Rio ficou na lanterna com um índice de 0,13 — bem atrás de Belo Horizonte, que lidera com 0,36. Em outras palavras, a maioria dos cariocas mal consegue chegar ao trabalho em tempo hábil usando transporte público.
A Zona Oeste e bairros afastados do Centro sofrem o maior impacto. Enquanto a Zona Sul e o Centro ainda conseguem resultados mais “aceitáveis”, a desigualdade no acesso à mobilidade é gritante. O especialista Guilherme Dalcin explica que o índice reflete não só a ineficiência do transporte público, mas também a falta de oportunidades perto de onde as pessoas moram.
Mesmo projetos como o Reviver Centro e a proposta de revitalizar o Sambódromo com habitações são apenas paliativos diante do tamanho do problema. Para agravar o cenário, as tarifas de transporte não param de subir: o ônibus já custa R$ 4,70, e o trem chegará a R$ 7,60 em fevereiro.
A Secretaria Municipal de Transportes reconhece as dificuldades e diz que vai investir na reocupação do Centro e na melhoria dos serviços, mas, para quem pega duas ou três conduções por dia, o discurso já soa vazio. Enquanto não houver políticas robustas de mobilidade e integração urbana, o Rio continuará preso no trânsito — literal e figurativamente.