A barbárie que vitimou uma jovem de 23 anos, em Mato Grosso, escancara o grau de crueldade a que chegou o crime organizado no Brasil. A jovem desapareceu em janeiro de 2024, após viajar com uma amiga para Primavera do Leste. Foi vista pela última vez em uma boate da cidade. A mãe registrou o desaparecimento em abril de 2024, em Sorriso. Desde então, ela não deu mais notícias.
As investigações revelaram que a jovem foi atraída para uma emboscada, sequestrada por membros do Comando Vermelho, mantida em cárcere privado, torturada e assassinada. A execução foi transmitida por videochamada para chefes da facção presos, que autorizaram a morte após um “julgamento” no chamado tribunal do crime.
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A Polícia Civil acredita que a jovem foi assassinada por ordem do CV que suspeitou que ela teria ligação com uma facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). O corpo foi encontrado no último dia 16 de junho, em uma área de mata no bairro Vale Verde, em Primavera do Leste.
A descoberta levou à deflagração da Operação Vale das Sombras, dois dias depois, que resultou na prisão de 11 envolvidos, incluindo os mandantes e executores diretos.
Explosão da violência! No Ceará, onda de crimes abala a população
O caso é um símbolo da escalada da violência que atinge cidades estratégicas para o tráfico. Sorriso (MT), por exemplo, figura entre as 10 cidades mais violentas do país, segundo o Atlas da Violência 2024, com 70,5 homicídios por 100 mil habitantes. A disputa entre facções como o CV e o PCC transformou a cidade em um campo de guerra.
A violência se alastra. Em Jequié (BA), a taxa de homicídios ultrapassa os 90 por 100 mil habitantes. Em Manaus, corpos esquartejados e execuções públicas se tornaram rotina. E nas grandes capitais o número de tiroteios e vítimas de balas perdidas bate recordes.
Violência assusta e se mantém como maior temor dos brasileiros sob o governo Lula
Pela primeira vez na história, a violência é apontada como a principal preocupação da população brasileira, superando saúde e desemprego, segundo pesquisas recentes. A percepção de impunidade é agravada pela política de desencarceramento do governo federal, que prevê mutirões de revisão de penas e flexibilização da política de drogas.
Enquanto isso, a população se vê refém do medo. Em bairros dominados por facções, o toque de recolher é imposto por criminosos. Em cidades do interior, chacinas e execuções se tornam rotina. E cada novo crime brutal, como o da jovem de 23 anos em Mato Grosso, é um grito por justiça que ecoa em um país cansado de conviver com o terror e a impunidade.