Made in Brazil: na contramão do combate ao crime, Lula vê PCC se expandir para 28 países e desafiar o mundo

Jefferson Lemos
A organização, que nasceu nos presídios paulistas, agora se infiltra em cadeias no exterior para recrutar novos membros e ampliar suas operações de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro, diante de uma legislação ultrapassada e de uma política de desencarceramento que trata o bandido como vítima da sociedade

A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) alcançou um novo patamar de influência internacional ao ser mapeada em pelo menos 28 países, segundo relatório do Ministério Público de São Paulo divulgado pelo g1 nesta segunda-feira (24).  Paraguai tem o maior número de integrantes. Portugal lidera na Europa. A organização, que nasceu nos presídios paulistas, agora se infiltra em cadeias no exterior para recrutar novos membros e ampliar suas operações de tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro.

Entre os países citados com maior presença da facção estão:

  • Paraguai
  • Venezuela
  • Bolívia
  • Uruguai
  • Portugal (considerado um dos principais pontos de entrada na Europa)
  • Itália (com conexões com a máfia italiana)
  • Espanha
  • Suíça
  • Alemanha

Esses países têm sido usados tanto como rotas logísticas para o tráfico de drogas e armas, quanto como locais de moradia fixa e infiltração em presídios, onde o PCC busca recrutar novos membros e estabelecer estruturas permanentes.

A expansão do PCC para quatro continentes acende um alerta sobre a fragilidade da política de segurança pública no Brasil. O governo Lula, em seu terceiro mandato, tem sido alvo de críticas por não conter o avanço do crime organizado nem dentro das fronteiras nacionais, tampouco fora delas. A avaliação negativa da gestão petista na área de segurança disparou nos últimos meses, atingindo 52% de reprovação, segundo pesquisa Ipsos-Ipec.

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A infiltração do PCC em instituições públicas e serviços essenciais também preocupa especialistas. A facção já é apontada como influente em setores como transporte, distribuição de energia e até em contratos públicos em algumas regiões. A consolidação dessa rede paralela de poder representa uma ameaça direta à soberania nacional.

Governadores como Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, têm cobrado do governo federal maior rigor no controle das fronteiras. Em 2024, o estado apreendeu 732 fuzis — nenhum deles fabricado no Brasil. “Esse arsenal de guerra coloca, todos os dias, a vida do cidadão e dos nossos policiais em risco”, afirmou Castro, exigindo ações mais firmes contra o tráfico internacional de armas.

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Outro ponto controverso é a política de desencarceramento defendida pelo governo Lula. Críticos apontam que a atual gestão trata criminosos como vítimas da sociedade, em detrimento da segurança do cidadão comum. A proposta de reduzir o encarceramento para crimes como tráfico de drogas é vista por opositores como um estímulo à impunidade e à reincidência.

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Enquanto o governo tenta avançar, sem sucesso, com a duvidosa PEC da Segurança para unificar ações entre União e estados, a sensação de insegurança cresce. A ausência de um ministério exclusivo para a segurança pública, promessa de campanha não cumprida, é apontada por opositores e até por aliados como um erro estratégico.

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A internacionalização do PCC não é apenas um problema de segurança: é um desafio geopolítico. A presença da facção em países como Portugal, onde já ocupa posição de destaque no tráfico de cocaína, mostra que o Brasil exporta não apenas commodities, mas também redes criminosas sofisticadas.

Diante desse cenário, cresce a pressão por uma resposta mais firme do governo federal. A soberania nacional, dizem especialistas, não se defende apenas com discursos — exige ação coordenada, inteligência e coragem política.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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