O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um dos momentos mais delicados de seu terceiro mandato. Segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (24) pelo Instituto Paraná Pesquisas, o petista seria derrotado em um eventual segundo turno por Jair Bolsonaro (PL), Michelle Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). O dado escancara o crescente desgaste do governo, impulsionado por uma combinação de fatores econômicos, escândalos e promessas não cumpridas.
Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro lidera com 46,5% das intenções de voto, contra 39,7% de Lula. Michelle Bolsonaro aparece com 44,4%, superando os 40,6% do presidente. Já Tarcísio, governador de São Paulo, venceria Lula por 43,6% a 40,1%. Os números revelam que o campo conservador e o bolsonarismo mantém força eleitoral mesmo sem a candidatura direta do ex-presidente.
O cenário é agravado por uma economia que não entrega o que foi prometido. A inflação voltou a pressionar o bolso do brasileiro, e a tão falada “picanha com cerveja” — símbolo da campanha de Lula — virou miragem para boa parte da população. O preço da carne bovina subiu mais de 12% nos últimos 12 meses, segundo dados do IPCA, e o consumo per capita caiu ao menor nível em duas décadas.
Além disso, medidas impopulares como a chamada “taxa das blusinhas”, que impôs tributação a compras internacionais de pequeno valor, geraram forte reação nas redes sociais e entre os consumidores de baixa renda. O rombo fiscal, e a manutenção da taxa básica de juros em patamares elevados também alimentam o descontentamento com a condução econômica.
Datafolha: Lula é pior avaliado que Bolsonaro no combate ao crime e à inflação
No campo político, o governo ainda tenta conter os danos causados por escândalos como o de corrupção no INSS, onde investigações apontam fraudes milionárias em benefícios e contratos. A oposição tem explorado o caso como símbolo de um governo que prometeu ética, mas enfrenta velhos fantasmas.
O levantamento da Paraná Pesquisas ouviu 2.020 eleitores entre os dias 18 e 22 de junho, em 26 estados e no Distrito Federal, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Com a popularidade em queda e a base social fragmentada, Lula vê sua imagem corroída por dentro e por fora. A promessa de um governo popular e eficiente esbarra na realidade de um país que sente no prato, no bolso e nas manchetes o peso de um presidente cada vez mais isolado.