O Rio de Janeiro vai parar neste sábado (3) para o show gratuito de Lady Gaga em Copacabana — e a promessa é de impacto econômico explosivo: R$ 600 milhões, segundo estimativas oficiais. Mas enquanto o discurso de retorno financeiro embala o evento, uma pergunta segue no ar: quem vai ficar com a maior fatia desse tão celebrado bolo?
Com R$ 30 milhões de investimento público — metade do estado, metade da prefeitura — a estrutura do show é bancada também por gigantes da iniciativa privada. Hotéis já beiram 85% de ocupação na Zona Sul, quiosques projetam lucros maiores que os do show da Madonna e restaurantes preparam cardápios especiais para receber turistas de vários estados. Em Copacabana, a festa já começou — para alguns.
O discurso da gestão Eduardo Paes (PSD) é claro: “Vale a pena, porque lota hotel, lota restaurante, movimenta a economia.” Mas, se o dinheiro circula, a transparência não acompanha na mesma velocidade. Fala-se em geração de renda, impostos, empregos temporários. O que não se fala é qual o volume real que volta aos cofres públicos, e quanto dessa engrenagem acaba concentrado nas mãos de poucos — grandes redes, conglomerados e empresas de sempre.
No varejo de rua e nos bairros afastados da Zona Sul, o feriadão pode passar como qualquer outro. “Seria positivo se esse tipo de evento viesse acompanhado de um plano público para onde vai essa arrecadação, que destinos ela ganha”, questiona o professor e pesquisador Osiris Marques, da UFF.
A conta fecha para a cidade? Em partes. O retorno existe, mas é concentrado — e quase sempre sem prestação de contas. Afinal, se o Rio virou o novo “salão de festas do Brasil”, como define Marques, a pergunta que fica é: quem é que está cobrando ingresso na porta?
Com informações do G1.