‘Tropa de Elite’ peruana arrasta multidões aos cinemas e legitima o combate duro ao crime

Jefferson Lemos
O fenômeno ultrapassa fronteiras e ecoa debates também presentes no Brasil, diante do endurecimento do combate às facções promovido pelo governador Cláudio Castro (Divulgação)

O sucesso estrondoso de Chavín de Huántar, já apelidado de “Tropa de Elite peruana”, revela como o público latino-americano responde positivamente a narrativas que exaltam operações policiais duras contra o crime e o terrorismo. O fenômeno ultrapassa fronteiras e ecoa debates também presentes no Brasil, diante do endurecimento do combate às facções promovido pelo governador Cláudio Castro, no Rio, com respaldo massivo da população.

Desde sua estreia em novembro de 2025, o filme ultrapassou a marca de um milhão de espectadores e entrou para o seleto grupo das cinco produções mais assistidas da história do cinema peruano. A obra recria a operação militar de 1997 que libertou 72 reféns da residência do embaixador japonês em Lima, episódio considerado um marco de orgulho nacional e símbolo da capacidade das Forças Armadas de enfrentar o terrorismo do grupo MRTA.

O impacto vai muito além das bilheteiras. A narrativa, marcada por disciplina, treinamento e ação direta contra criminosos, encontrou eco em uma população que vê na dureza militar uma resposta legítima à violência. A comparação com Tropa de Elite, sucesso brasileiro de 2007, é inevitável: ambos os filmes transformaram operações especiais em espetáculo cinematográfico e revelaram o desejo popular por medidas mais rígidas diante da criminalidade.

Assim como no Brasil, onde Tropa de Elite se consolidou como retrato cru da guerra urbana e da busca por ordem, o sucesso de Chavín de Huántar mostra que o público latino-americano responde com entusiasmo a narrativas que legitimam o endurecimento das políticas de segurança. O cinema, nesse contexto, funciona como termômetro da opinião pública, refletindo a disposição de sociedades inteiras em apoiar ações firmes do Estado contra o crime e o terrorismo.

Mais do que um triunfo artístico, o filme peruano consolida-se como um fenômeno político-cultural: ao transformar uma operação contra o crime em espetáculo, reforça a ideia de que o combate implacável à violência não apenas é necessário, mas também popular.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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