A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será instalada nesta terça-feira (4/11) no Senado, com o objetivo de investigar facções criminosas como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A ausência de apoio da bancada do PT ao requerimento de criação da CPI provocou forte reação da oposição, que acusa o governo de omissão e de alinhamento ideológico com discursos que, segundo eles, “vitimizam os criminosos”.
A iniciativa da CPI ganhou força após a repercussão da megaoperação policial nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e da polêmica declaração do presidente Lula, que afirmou que “o traficante é vítima do usuário”. A fala gerou críticas e o Palácio do Planalto tenta minimizar seus efeitos, até agora sem sucesso.
Composta por nove senadores, a bancada petista não assinou o pedido de abertura da comissão. O gesto foi interpretado por parlamentares da oposição como uma adesão ao discurso progressista, que, segundo eles, promove a “vitimização do criminoso”, defende políticas de desencarceramento e alimenta uma “bandidolatria” institucional. O líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), foi direto: “A visão de Lula sobre segurança pública tem muito mais a ver com a proteção aos criminosos do que com os direitos da sociedade brasileira”.
A CPI surge como uma resposta institucional à operação policial no Rio, que reacendeu o debate sobre o enfrentamento ao crime organizado. A ação foi criticada por setores da esquerda, enquanto o governo federal foi acusado de se omitir diante do esforço estadual contra o tráfico. Para Marinho, essa postura reforça a ideia de que a declaração de Lula não foi apenas um deslize, mas sim uma orientação ideológica refletida na atuação do governo.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) também criticou a proposta do governo de criar uma “PEC da Segurança”, que, segundo ele, busca centralizar o controle das forças policiais. “O tráfico está se expandindo por falta de políticas públicas eficazes”, afirmou. Já o senador Davi Alcolumbre defendeu a CPI como uma resposta necessária à crescente ameaça das facções criminosas: “É hora de enfrentar esses grupos com a união de todas as instituições do Estado brasileiro”.
Entre os 31 senadores que apoiaram a criação da CPI, destacam-se os fluminenses Flávio Bolsonaro (PL) e Carlos Portinho (PL). A comissão será composta por 11 membros titulares e 7 suplentes, com prazo inicial de 180 dias para concluir os trabalhos. Os nomes serão indicados pelos blocos partidários após a formalização do ato de instalação. A expectativa é que a CPI se torne um dos principais espaços de confronto entre os defensores de uma política de segurança mais rigorosa e os que ainda apostam em medidas de desencarceramento.
