Cadê os royalties de Niterói?

Jefferson Lemos
Enquanto cidade comandada por Quaquá sobe várias posições no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), a dirigida por Rodrigo Neves despenca, expondo diferenças significativas na gestão dos recursos públicos e no planejamento estratégico para a população

Enquanto cidade comandada por Quaquá sobe várias posições no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), a dirigida por Rodrigo Neves despenca, expondo diferenças significativas na gestão dos recursos públicos e no planejamento estratégico para a população

O cenário de desenvolvimento municipal no Estado do Rio de Janeiro sofreu uma reviravolta inesperada em 10 anos, e dois municípios vizinhos ilustram bem essa nova dinâmica: enquanto Maricá, do prefeito Washington Quaquá (PT) avança 20 posições, Niterói, dirigida por Rodrigo Neves (PDT) perde 10 no ranking do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta quinta (8).

O contraste entre as duas cidades, que compartilham um histórico de potencial econômico impulsionado pela arrecadação dos royalties do petróleo, expõe diferenças significativas na gestão dos recursos públicos e no planejamento estratégico para a população.

Coincidentemente, os atuais prefeitos das duas cidades estão em seu terceiro mandato, com seus respectivos grupos políticos no poder há vários anos.

Em Niterói, royalties pagam show, mas alunos não têm onde estudar

 

Prefeitura de Maricá leva empregos para moradores dos conjuntos habitacionais

Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com base em dados oficiais referentes ao ano de 2023, esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população.

Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo é composto pelos indicadores de Emprego & Renda, Saúde e Educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico.

Veja os números de Niterói e Maricá

O salto de Maricá: gestão eficiente e investimentos estruturados

Maricá, que em 2013 ocupava a modesta 59ª colocação, em 2023 figura na 30ª posição do IFDM, uma ascensão que reflete a aplicação estratégica dos recursos oriundos dos royalties.

Nos últimos anos, o município adotou políticas de distribuição e investimento que ampliaram a qualidade de vida da população, fortalecendo setores essenciais como educação e saúde.

Com iniciativas como o programa de renda mínima e investimentos em infraestrutura urbana, a cidade conseguiu reverter indicadores negativos e demonstrar que a aplicação inteligente dos recursos pode resultar em progresso consistente.

Prefeitura de Maricá intensifica ações de assistência a pessoas em situação de rua

O declínio de Niterói: arrecadação robusta, mas desempenho questionável

Já Niterói, que liderava o ranking estadual em 2013, ano em que Rodrigo Neves assumiu seu primeiro mandato, sofreu uma queda drástica, passando da 1ª posição para a 11ª em 2023.

A cidade possui uma das maiores arrecadações municipais, porém, esse fator não tem se traduzido em avanços proporcionais nos indicadores sociais e econômicos.

A piora nos índices de Emprego & Renda, aliada à lenta recuperação nos setores de Educação e Saúde, apontados pela Firjan, sugere que os recursos disponíveis não estão sendo utilizados da maneira mais eficaz para garantir o desenvolvimento sustentável.

O desempenho negativo coloca em xeque a gestão do grupo político que administra a cidade há vários mandatos.

A perda da liderança estadual no IFDM levanta questões sobre a transparência e eficiência das políticas públicas implementadas, bem como o direcionamento dos investimentos municipais.

Niterói deixa profissionais de saúde sem salários

Gestão estratégica: a chave para o desenvolvimento

O caso de Maricá reforça a ideia de que o planejamento eficiente e o uso estratégico dos royalties do petróleo podem impulsionar melhorias significativas na qualidade de vida dos cidadãos.

Enquanto isso, Niterói precisa rever suas prioridades e políticas para reverter essa queda no desempenho e voltar a ser referência em desenvolvimento municipal.

Com uma arrecadação privilegiada, o município tem capacidade para recuperar sua posição, desde que haja uma reformulação das estratégias administrativas e um maior compromisso com o progresso da população.

Compartilhe Este Artigo
Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress