Chega de imposto! Oposição e aliados de Lula se unem para enterrar decreto do IOF

Jefferson Lemos
Após reunião com líderes, nesta quinta (12) Motta decide pautar um requerimento de urgência ao projeto de decreto legislativo em sessão da Câmara, na próxima segunda-feira para enterrar a nova medida provisória do governo federal (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A insatisfação com a política fiscal do governo Lula atingiu um novo patamar. Após semanas de críticas e articulações nos bastidores, a oposição e até partidos da base aliada decidiram agir para barrar o decreto presidencial que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, que foi anunciada como uma tentativa desesperada de conter o rombo fiscal, gerou forte reação no Congresso e no mercado financeiro.

A população, já sufocada por uma carga tributária elevada, vê com indignação mais um aumento de impostos. O sentimento de revolta se intensificou após a reunião de líderes partidários na Câmara dos Deputados, comandada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro, realizado nesta quinta-feira (12), selou o destino do decreto: na próxima segunda-feira (16), será votado um requerimento de urgência para um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que susta os efeitos da medida.

A decisão de pautar a urgência foi impulsionada pela pressão de parlamentares que argumentam que o aumento do IOF prejudica diretamente setores estratégicos da economia, como o comércio e a indústria. “Não é aumentando imposto que vamos resolver os problemas fiscais do país”, declarou o líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS). A proposta conta com apoio de partidos como PL, União Brasil, Progressistas, Podemos e Republicanos, além de setores do PSD, que ainda avaliam sua posição.

Dinheiro só amanhã! Brasileiro trabalhou até hoje só para pagar imposto

O governo, por sua vez, tenta reverter o cenário. O presidente Lula intensificou contatos com senadores e deputados influentes, buscando um mínimo de consenso para salvar a medida provisória que recalibra a elevação do IOF. No entanto, a resistência no Congresso é evidente. “O clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório”, afirmou Hugo Motta.

A crise do IOF expõe um dilema do governo: aumentar tributos para equilibrar as contas públicas ou buscar alternativas que não onerem ainda mais a população. A equipe econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad, parece optar pela alternativa mais fácil e já sinalizou que pode apresentar novas propostas de aumento de impostos para compensar a arrecadação perdida caso o decreto seja derrubado. No entanto, sem um plano claro de corte de gastos, a resistência parlamentar continua firme.

População não aguenta mais impostos

A votação da urgência na segunda-feira será um teste crucial para o governo. Se aprovada, o PDL poderá ser analisado diretamente no plenário, sem necessidade de passar por comissões, acelerando sua tramitação. A expectativa é que a oposição consiga os 257 votos necessários para aprovar a urgência e, posteriormente, enterrar de vez o decreto do IOF.

Enquanto isso, a população segue apreensiva. O aumento do imposto impacta diretamente o custo do crédito e das operações financeiras, dificultando investimentos e o consumo. Empresários e economistas alertam que a medida pode desacelerar ainda mais a economia, já fragilizada pela alta da inflação e pelo baixo crescimento.

O governo Lula enfrenta um dos momentos mais delicados de sua gestão. A batalha pelo IOF não é apenas uma disputa fiscal, mas um embate político que pode definir os rumos da administração nos próximos meses e, quem sabe, do pleito de 2026.

Compartilhe Este Artigo
Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress