A insatisfação com a política fiscal do governo Lula atingiu um novo patamar. Após semanas de críticas e articulações nos bastidores, a oposição e até partidos da base aliada decidiram agir para barrar o decreto presidencial que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, que foi anunciada como uma tentativa desesperada de conter o rombo fiscal, gerou forte reação no Congresso e no mercado financeiro.
A população, já sufocada por uma carga tributária elevada, vê com indignação mais um aumento de impostos. O sentimento de revolta se intensificou após a reunião de líderes partidários na Câmara dos Deputados, comandada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro, realizado nesta quinta-feira (12), selou o destino do decreto: na próxima segunda-feira (16), será votado um requerimento de urgência para um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que susta os efeitos da medida.
A decisão de pautar a urgência foi impulsionada pela pressão de parlamentares que argumentam que o aumento do IOF prejudica diretamente setores estratégicos da economia, como o comércio e a indústria. “Não é aumentando imposto que vamos resolver os problemas fiscais do país”, declarou o líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS). A proposta conta com apoio de partidos como PL, União Brasil, Progressistas, Podemos e Republicanos, além de setores do PSD, que ainda avaliam sua posição.
Dinheiro só amanhã! Brasileiro trabalhou até hoje só para pagar imposto
O governo, por sua vez, tenta reverter o cenário. O presidente Lula intensificou contatos com senadores e deputados influentes, buscando um mínimo de consenso para salvar a medida provisória que recalibra a elevação do IOF. No entanto, a resistência no Congresso é evidente. “O clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório”, afirmou Hugo Motta.
A crise do IOF expõe um dilema do governo: aumentar tributos para equilibrar as contas públicas ou buscar alternativas que não onerem ainda mais a população. A equipe econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad, parece optar pela alternativa mais fácil e já sinalizou que pode apresentar novas propostas de aumento de impostos para compensar a arrecadação perdida caso o decreto seja derrubado. No entanto, sem um plano claro de corte de gastos, a resistência parlamentar continua firme.
A votação da urgência na segunda-feira será um teste crucial para o governo. Se aprovada, o PDL poderá ser analisado diretamente no plenário, sem necessidade de passar por comissões, acelerando sua tramitação. A expectativa é que a oposição consiga os 257 votos necessários para aprovar a urgência e, posteriormente, enterrar de vez o decreto do IOF.
Enquanto isso, a população segue apreensiva. O aumento do imposto impacta diretamente o custo do crédito e das operações financeiras, dificultando investimentos e o consumo. Empresários e economistas alertam que a medida pode desacelerar ainda mais a economia, já fragilizada pela alta da inflação e pelo baixo crescimento.
O governo Lula enfrenta um dos momentos mais delicados de sua gestão. A batalha pelo IOF não é apenas uma disputa fiscal, mas um embate político que pode definir os rumos da administração nos próximos meses e, quem sabe, do pleito de 2026.