O ex-presidente Jair Bolsonaro deve estar arrependido de ter permitido um mandato de oito anos para Romário no Senado. Aliados do capitão dizem que teria sido melhor Bolsonaro ter peitado Valdemar Costa Neto na ocasião e impedido a candidatura do ex-craque da seleção pelo partido, lembrando que Romário já era insubordinado quando era jogador de futebol.
Hoje, enquanto o presidente do PL reluta em punir Romário pelas infidelidades partidárias, temendo que o partido perca uma cadeira na Câmara Alta do Poder Legislativo, o “Baixinho” vai driblando os valores bolsonaristas e fazendo o que bem entende, causando cada vez mais insatisfação não apenas na legenda, mas entre o eleitorado conservador. Não à toa, tem sido vaiado quando seu nome é mencionado nos eventos e manifestações da direita.
O senador já vinha votando contra as orientações do partido, como por exemplo no caso das decisões monocráticas do STF. O estopim foi o recente apoio à reeleição de Eduardo Paes (PSD), o candidato de Lula no Rio, em detrimento do bolsonarista Delegado Ramagem (PL). Em Niterói, Romário defende o retorno do esquerdista Rodrigo Neves (PDT) à prefeitura de Niterói, ignorando Carlos Jordy, outro bolsonarista de seu próprio partido. Os dois municípios são considerados estratégicos para a retomada da direita ao poder no País em 2026.
No Rio, a infidelidade de Romário não chega a surpreender. O senador teria indicado cargos na prefeitura e influenciado na escola da escolha de Helena Werneck para o comando da Secretaria da Pessoa com Deficiência, onde, inclusive, está lotada sua ex-mulher, com salário de mais de R$ 5 mil.
Além disso, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), um dos nomes mais próximos do prefeito Eduardo Paes e da Executiva nacional do PSD, já avisou que as portas do partido estão abertas para Romário. Diante do crescimento das manifestações de repúdio contra Romário dentro do PL, há quem acredite ser o destino do senador.
Altineu Côrtes (PL-RJ), líder do partido na Câmara, já disse que a infidelidade de Romário será discutida pelo partido. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reconhece que a situação é “constrangedora” e que isso precisa mudar. Ele avisou que permanecerá em breve na legenda apenas aqueles que se identificam com os valores bolsonaristas. Jordy, por sua vez, comentou que nunca contou com o apoio de Romário. O único no partido que ainda parece apostar na “chuteira” de Romário é Valdemar. Os demais querem “chutá-lo” da legenda.