Lula tenta surfar no tarifaço de Trump, mas avaliação segue negativa, mostra PoderData

Jefferson Lemos
Pesquisa revela que 41% dos brasileiros avaliam negativamente o trabalho pessoal de Lula, enquanto apenas 22% o consideram ótimo ou bom (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar da tentativa de capitalizar politicamente o chamado “tarifaço de Trump”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda enfrenta forte resistência popular. A nova pesquisa PoderData, divulgada nesta quarta-feira (30), revela que 41% dos brasileiros avaliam negativamente o trabalho pessoal de Lula, enquanto apenas 22% o consideram ótimo ou bom. A estratégia de comunicação do governo, centrada no discurso de “soberania nacional” frente às tarifas impostas pelos Estados Unidos, gerou uma leve melhora nos índices, mas não foi suficiente para reverter o cenário desfavorável.

Rejeição ainda é maioria

O levantamento mostra que 42% dos entrevistados aprovam a gestão petista, contra 53% que a desaprovam. A diferença entre os índices caiu ligeiramente desde que o tarifaço foi anunciado. Analistas apontam que o episódio gerou um “efeito anti-Trump” momentâneo, semelhante ao observado em eleições no Canadá e na Austrália, mas alertam que o impacto costuma ser temporário.

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Investida sobre evangélicos não surte efeito

Outro dado relevante da pesquisa é a persistente rejeição entre os evangélicos, público que o PT tem tentado reconquistar com ações específicas. Nada mudou significativamente: 69% dos evangélicos desaprovam o governo Lula, enquanto apenas 26% o aprovam, números praticamente idênticos aos de dois meses atrás. A resistência desse segmento religioso continua sendo um obstáculo estratégico para o presidente, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.

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Recortes demográficos reforçam o desafio

A desaprovação é mais intensa entre pessoas de 45 a 59 anos (58%), moradores das regiões Sul (62%) e Centro-Oeste (61%), e entre os que cursaram o ensino superior (60%).

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Discurso nacionalista não basta

A pesquisa PoderData mostra que, embora o governo tenha conseguido reduzir ligeiramente a rejeição com o discurso de enfrentamento ao governo Trump, a imagem pessoal de Lula segue fragilizada. A tentativa de reconquistar os evangélicos também não teve êxito até agora. Com a eleição de 2026 no horizonte, o presidente terá que ir além do patriotismo retórico e apresentar resultados concretos para reverter a tendência negativa.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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