Só falta parcelar! Bocas de fumo já aceitam pagamento no crédito

Jefferson Lemos
Durante a ADPF das Favelas, que restringiu as ações da polícia nas comunidades, o tráfico adotou práticas sofisticadas, aproximando-se do modelo empresarial para expandir seus negócios (Reprodução/TV Globo)

O tráfico de drogas no Rio de Janeiro tem adotado práticas cada vez mais sofisticadas, aproximando-se do modelo empresarial para expandir seus negócios.

Nesta semana, a Polícia Militar apreendeu uma máquina de cartão de crédito em uma boca de fumo no Morro do Preventório, em Niterói, Região Metropolitana do Rio.

A operação ocorreu após denúncia anônima, e além da maquininha, foram encontrados drogas, radiotransmissores e dinheiro.

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A utilização de máquinas de cartão para pagamento de entorpecentes evidencia a diversificação das atividades do tráfico, que busca facilitar o acesso dos consumidores e aumentar seus lucros.

Essa estratégia reflete uma apropriação de serviços comuns à população, como o uso de tecnologia financeira, para fortalecer o controle territorial e ampliar sua influência.

Além disso, o tráfico tem explorado serviços essenciais como fornecimento de internet, gás e transporte em comunidades sob seu domínio.

Em muitas áreas, facções criminosas controlam a distribuição desses serviços, cobrando taxas dos moradores e utilizando os recursos para financiar suas operações.

Essa prática não apenas reforça o poder das organizações criminosas, mas também cria uma dependência econômica que dificulta a atuação das autoridades.

Outro aspecto preocupante é o uso de fintechs para lavagem de dinheiro.

Investigações recentes apontam que organizações criminosas têm utilizado contas digitais e operações financeiras em plataformas tecnológicas para movimentar recursos ilícitos sem serem detectadas pelo sistema financeiro tradicional.

Essa “invisibilidade” permite que o dinheiro do tráfico seja reinvestido em outras atividades criminosas, ampliando o alcance e a sofisticação das facções.

O caso do Morro do Preventório é um exemplo claro de como o crime organizado está se reinventando, utilizando estratégias empresariais para consolidar seu poder.

A apreensão da máquina de cartão e as práticas de exploração de serviços essenciais são um alerta para a necessidade de ações mais eficazes e integradas no combate ao tráfico, que continua a explorar brechas na legislação e na fiscalização para expandir suas atividades.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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