A Polícia Civil desencadeou nesta quinta (10) uma operação contra lavagem de dinheiro do Comando Vermelho (CV) que movimentou R$ 6 bilhões em um ano. A facção criminosa criou bancos digitais e fintechs, que eram intermediadoras de pagamentos ilegais. O crime organizado também usava empresas de fachada e plataformas contábeis para a lavagem de dinheiro. O crescimento exponencial do crime organizado no Rio, segundo especialistas em segurança pública, deveu-se à ADPF das Favelas, que restringiu as ações das polícias nas comunidades desde 2019. Segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o CV foi a facção que mais cresceu no período.
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Esta foi a maior operação já realizada contra o CV. A polícia buscou cumprir 46 mandados de busca e apreensão na capital fluminense e em municípios de estado de São Paulo.
De acordo com a investigação, o núcleo financeiro do Comando Vermelho tem ramificações no estado paulista, com ligação direta com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em São Paulo, um homem foi preso em cumprimento de mandado de prisão por organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de dívidas, uso de documento falso e operação de instituição financeira ilegal. No Rio, uma mulher, que foi pega em flagrante com um celular roubado.
Disputa por território
O objetivo da operação é asfixiar financeiramente o crime organizado, atingindo sua base logística, e cortar o dinheiro que é usado para compra de armas e drogas. Esses recursos também financiam as disputas por expansão territorial em comunidades da Zona Oeste do Rio.
A ação desta quinta é realizada pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), do Departamento-Geral de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) e da Polícia Civil de São Paulo.
ADPF das Favelas
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635 foi protocolada em novembro de 2019. Proposta pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e por entidades de direitos humanos para combater a letalidade policial, na prática serviu para transformar as favelas bunkers seguros para criminosos.
Com a restrição das ações policiais, bandidos se aproveitaram para expandir seu território e aumentar o controle sobre a população e os serviços na comunidade, cobrando taxas e operando seu tribunal do tráfico.