A demissão do chefe da Polícia Civil, delegado Marcus Amim, pelo governador Cláudio Castro (PL), repercutiu muito mal na Alerj. Nesta terça (3), deputados da esquerda, centro, direita e até da base do governo, usaram o plenário para criticar Cláudio Castro e a forma equivocada dele conduzir o governo. Nos corredores da Casa, já começam rumores de pedidos de impeachment.
O deputado Luiz Paulo (PSD) puxou os debates. “Não o conhecia (Marcus Amim), só de nome, mas é impossível, por mais competente que seja, qualquer delegado em 10 meses resolver esse drama que nós vivemos na região metropolitana: a briga entre milicianos e quadrilhas. Esse caos, que reina na região metropolitana, e o governador acha que essa coisa vai se alterar mudando nomes”, disse Luiz Paulo, lembrando que no governo Cláudio Castro já teve secretário de Polícia Civil que ficou apenas 15 dias no cargo.
A deputada Martha Rocha (PDT) disse que a segurança pública vai mal nas mãos do governador. “A segurança pública precisa de respeito. Os profissionais de segurança precisam de tempo de estabilidade, de estratégias e do jeito que o senhor (governador) está fazendo, está fazendo mal a seu governo, a sua base e sobretudo ao povo do estado do Rio”.
Rodrigo Amorim (União) contou que estava em São Paulo com a direção nacional de seu partido, mas fez questão de antecipar seu retorno para usar o plenário.
“Essa casa pagou o preço de ser acusada levianamente de novo cangaço. O governador tinha que ter o respeito institucional. Na hora de vir com pires na mão implorar por orçamento e mudanças, através de mensagens, vem como um gatinho neste plenário, mas na hora de tomar atitudes intempestivas, são verdadeiros leões. Tem que passar a respeitar este parlamento e a população do RJ”.
Alan Lopes (PL) foi ainda mais duro ao dizer que Castro caiu na armadilha do prefeito do Rio. “Lamentável o senhor ter caído na armadilha que o Eduardo Paes plantou. O senhor tem andado incomodado com o que andam dizendo, que o fracasso da segurança é culpa sua e esse ônus está caindo nos candidatos da direita. Mas, para melhorar sua imagem, governador, tem que trocar muito mais do que o secretário da Polícia Civil. Tem secretário que lhe desgasta muito mais. Só tem uma maneira de melhorar a imagem do Rio, e é em 2026. “, disse Alan, que também aproveitou para mandar recados.
“Espero que venha a público explicar a troca porque essa casa foi exposta, fomos alvos da mídia dizendo que escolhemos secretário. Precisamos de gente que tenha coragem e não coma na mão de ninguém. Está cheio de vagabundo pensando que a gente é bobo, querendo plantar notinha contra a gente. Não tentem! É um aviso. Vocês vão se arrepender porque esse estado vai virar um inferno. É a mensagem que estamos transmitindo porque aqui não tem moleque, não tem menina. Se vierem fazer covardia, vão sangrar”, fulminou Alan Lopes.
Filippe Poubel classificou a troca de secretário como “episódio nojento”. “Estamos vivendo um a crise institucional, o pior momento no Rio de Janeiro no que tange à segurança pública. Fica o meu repúdio a essa atitude. Falta de respeito com esta casa. Mais um ato que mostra que o governo de Cláudio Castro acabou”.
Até quem nunca abriu a boca pra criticar o governador, como os deputados Fábio Silva (União) e Thiago Rangel (PMB), usaram o microfone. “O que de fato motivou a exoneração de Amim, que estava conduzindo de forma muito correta a Polícia Civil? Que o governador venha se explicar”, provocou Rangel.
Já Márcio Gualberto (PL), presidente da Comissão de Segurança, resumiu o ato do governador Cláudio Castro: “Somente um louco faz sempre as mesmas coisas e espera resultados diferentes. Se tem algo que não está dando certo é porque precisa ser modificado. A rota precisa ser redirecionada e nós podemos contribuir para isso. O governo do estado precisa compreender isso”, avisou.