Antes mesmo de serem ressarcidos pelas fraudes de sindicatos que drenaram seus benefícios no INSS, aposentados brasileiros enfrentam um novo pesadelo: um golpe que, mais uma vez, tem o próprio INSS como pano de fundo. A nova armadilha envolve quadrilhas que se passam por ONGs solidárias, oferecendo cestas básicas para capturar dados biométricos e contratar empréstimos consignados — tudo em nome das vítimas, sem qualquer autorização.
Fraude no INSS: STF cobra respostas enquanto aposentados seguem sem ressarcimento
A operação deflagrada nesta quarta-feira (25) pela 26ª DP (Todos os Santos), no Rio de Janeiro, escancarou o esquema. Os criminosos abordavam idosos em situação de vulnerabilidade, prometendo ajuda social. Durante o falso cadastro, tiravam selfies e coletavam documentos. Com essas informações, acessavam o sistema do INSS e desbloqueavam a margem consignável, contratando empréstimos que eram descontados diretamente da aposentadoria dos beneficiários.
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Segundo a Polícia Civil, ao menos 100 aposentados já foram lesados. Os valores dos empréstimos eram desviados para contas de laranjas e empresas de fachada. Em um dos endereços investigados, funcionava um call center clandestino com planilhas de controle de vítimas, material de abordagem e equipamentos de informática.
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O mais revoltante é que muitos desses idosos ainda lutam para reaver o que perderam em fraudes anteriores. O processo de ressarcimento pelo INSS é lento, burocrático e, muitas vezes, frustrante. Agora, além de esperar por justiça no primeiro golpe, precisam provar que também não autorizaram os novos empréstimos — contratados com base em biometria fraudada.
A Defensoria Pública da União já acionou o INSS e a Dataprev por falhas na proteção de dados e omissão diante do aumento das fraudes com consignados. Enquanto isso, o novo presidente do INSS determinou o bloqueio automático da margem consignável, exigindo desbloqueio por biometria facial no aplicativo Meu INSS. Mas, como mostra o golpe desta semana, até isso está sendo burlado.
Depois de uma vida inteira de trabalho, o que o que os aposentados mais desejam — e não conseguem — é poder descansar em paz, sem o medo constante de novos golpes.