A Linha 3 do Metrô, projeto que há décadas figura nas promessas políticas, finalmente deu um passo concreto—mas não exatamente pelas mãos de seus maiores defensores.
Enquanto os prefeitos Eduardo Paes (PSD) e Rodrigo Neves (PDT) seguem alardeando a obra como prioridade, foi a bancada da direita, liderada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL), que garantiu os R$ 26 milhões necessários para financiar estudos técnicos sobre sua viabilidade.
O anúncio dessa conquista ocorreu na terça-feira (3), num evento discreto na Coppe/UFRJ, na Ilha do Fundão.
Sem pompa, sem transmissão ao vivo e, curiosamente, sem a presença dos prefeitos do Rio e de Niterói, os mesmos que desde o ano passado fazem campanha pela Linha 3 como um legado dos Jogos Pan-Americanos de 2031.
Coube ao professor Rômulo Orrico, coordenador do Projeto Prisma-RJ, explicar que foi Flávio Bolsonaro quem procurou a Coppe para destravar o projeto.
O senador fez questão de reforçar que não se trata de uma “falsa promessa”: “Nós não estamos em ano eleitoral”, enfatizou.
O evento contou com a presença de nomes conhecidos do PL, como os deputados Eduardo Pazuello e Hélio Lopes, além de Rosenverg Reis (MDB) e do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson (PL).
Segundo a Coppe, os estudos incluirão propostas para a conexão entre Niterói e Rio, considerada a parte mais complexa da Linha 3.
Curiosamente, esse é o trecho que Paes e Neves defendem como essencial para a mobilidade da região metropolitana.
Mas, agora que a verba foi garantida sem o protagonismo deles, resta saber como explicar isso aos eleitores sem parecer um detalhe inconveniente.
Ao final da cerimônia, o professor Orrico exibiu uma frase do Papa Leão XIV: “Que sejamos ponte, e não muro”. Mas, na política fluminense, talvez o mais adequado fosse: “Que sejamos obra, e não promessa”.