Crime organizado usa provedores legalizados pela Anatel para monopolizar distribuição de internet

Jefferson Lemos

O gerente regional da Anatel, Rodrigo de Almeida, admitiu que facções criminosas e milícias se valem de provedores legalizados pela própria agência para monopolizar a distribuição de internet nos territórios controlados, expulsando as outras operadoras.

A revelação de que o crime organizado age nas barbas da lei foi feita durante encontro nesta semana, promovido pelo Ministério Público do Estado (MPRJ) que reuniu também representantes de operadoras de telecomunicações, como a Vivo e a Claro.

O representante da Claro Brasil Alexsandro de Oliveira cobrou uma fiscalização mais efetiva e apontou a necessidade de regulamentação sobre esses provedores.

Sobre a expansão das ações criminosas que envolvem as redes de banda larga, Alexsandro disse que “nunca vivemos um momento tão ruim”.

Ele citou o impedimento de acesso às equipes de manutenção às áreas controladas pelo crime organizado e comentou as graves consequências para a população.

Segundo o diretor da Anatel, a proliferação de pequenos provedores é um dos desafios para o combate ao uso desse serviço pelo crime organizado.

Ele informou que, atualmente, existem mais de 20 mil servidores regularizados, com 23 milhões de pontos de acesso.

Alimentadas pela impunidade, facções criminosas dominam cada vez mais serviços no Brasil

Principal negócio do crime organizado

Durante a reunião, o promotor de Justiça Reinaldo Lomba disse que o MPRJ está trabalhando para tentar impedir o ganho financeiro do crime organizado, mas reconheceu que a situação é grave.

“Não tenho dúvidas de que o ganho financeiro desse negócio pode vir a se tornar o principal do crime organizado. O objetivo aqui é ampliar ao máximo nosso conhecimento para definir uma estratégia de atuação envolvendo as promotorias e toda a força que o MPFJ dispõe para o enfrentamento dessa questão tão séria de nosso tempo”, ponderou.

Apenas no Rio, mais de 120 investigações já foram abertas pela Polícia Civil desde o ano passado.

Os grupos criminosos instalam redes ilegais, impedem empresas autorizadas de atuar e cobram pedágio das operadoras de internet.

A prática, que já se espalhou por estados como Rio de Janeiro, Pará e Ceará, reflete o avanço do crime organizado e a impunidade que o alimenta.

O encontro contou também com a presença dos promotores de Justiça Leticia Emile, Fabio Correa e Leandro Navega.

 

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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