Enquanto o brasileiro aperta o cinto diante da alta dos preços e da promessa não cumprida da “picanha no prato”, o governo federal comemora um feito histórico: a arrecadação de R$ 1,2 trilhão entre janeiro e maio de 2025, o maior valor já registrado para o período desde o início da série histórica em 1995.
Segundo dados divulgados pela Receita Federal nesta quinta-feira (26), o montante representa um crescimento real de 3,95% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impulsionado por medidas como a retomada da tributação sobre combustíveis, a taxação de fundos exclusivos e offshores, além do aumento da arrecadação com PIS/Cofins e Imposto de Importação.
Mas, para a população, o recorde tem gosto amargo. O aumento da carga tributária não se traduziu em alívio no custo de vida. Pelo contrário: os preços dos alimentos seguem elevados, os combustíveis continuam pesando no orçamento familiar e a inflação corrói o poder de compra. A tão prometida picanha, símbolo da campanha presidencial, virou meme — e não refeição.
Além disso, o governo tentou emplacar um aumento no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que foi barrado pelo Congresso. Mesmo assim, o Ministério da Fazenda já estuda alternativas para compensar a perda de arrecadação estimada em R$ 10 bilhões. A equipe econômica, liderada por Fernando Haddad, sinaliza que novas medidas podem estar a caminho — e mais uma vez, o impacto tende a recair sobre o contribuinte.
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Enquanto isso, a dívida pública segue em trajetória ascendente. A arrecadação cresce, mas os gastos do governo avançam em ritmo ainda mais acelerado, comprometendo o equilíbrio fiscal e deixando a conta para o cidadão comum.
O discurso oficial fala em “justiça fiscal”, mas na prática, quem mais sente o peso dos tributos são os mais pobres. Com a taxação de compras internacionais de pequeno valor — as chamadas “taxas das blusinhas” — e o encarecimento geral dos produtos, o consumo popular é diretamente afetado.
O Brasil bate recorde de arrecadação, mas o brasileiro bate recorde de frustração. Afinal, de que adianta pagar mais se o retorno não chega à mesa, ao tanque ou ao fim do mês? Porque, até agora, o que chegou foi só a conta.